domingo, 10 de janeiro de 2010

Casulos


A noite foi um tormentinho,com toda a tristeza acumulada se mostrando em dores absurdas de estômago, uma grande vontade de vomitar e uma sensação de que tinham bichos dentro do meu estômago, fazendo um grande nó dolorido. E o café da manhã foi um remédio para gastrite. Ta, a vida segue...e vamos nós para os compromissos. E o dia foi melhorando pouco a pouco, desde a hora que vi todas aquelas pessoas reunidas no metrô, todas pela mesma causa, em pleno domingo de calor. E então o dia seguiu com caronas papeando, ser recebida por uma "desconhecida" com muito carinho, ouvir o que ela tem para dizer sobre sua família, as mudanças ocorridas... ver a casa dela praticamente ilhada e ela ali, dizendo que tudo estava bem agora. E continua, com parada para almoço no Habib`s... e mais família. Família nova, braços abertos para nos receber, um sorriso de esperança no rosto... e a alegria vai me dominando, enquanto vou ganhando gelinho, vendo a preocupação com o que comeremos no fim-de-semana que vem. E vendo tudo isso, meus problemas que pareciam tão grandes, vão diminuindo pouco a pouco, junto com trenas, medidas de pilotis, suor escorrendo sem parar, conversas sobre portas, janelas e expectativas. E a paz vai reinando, junto com garrafas de água sendo divididas, crianças pestinhas, risadas, abraços de pessoas queridas, poeira, parcerias e planos. E vai terminando, com mais caronas papeando... e aí de repente somos eu, ela, e sua calça rosa, andando pela marginal, vestindo a mesma camiseta suja de terra, exibindo o mesmo rosto suado, o mesmo cabelo bagunçado, o mesmo sorriso e conversando sobre a vida. Casa, ventilador ligado, se esparramar na cama, com a menina da calça rosa deitada ao meu lado... dois corpos cansados e dois corações leves. Aí paro para pensar, e ainda tem alguma coisa estranha no meu estômago, mas algo mudou. Percebo que eu tinha pequenas lagartas ali, de manhã... e que ao longo do dia eu criei casulos para elas, feitos com todo o suor, amizade e alegria do dia. E então me dou conta que estou feliz, completa, com aquela deliciosa sensação de borboletas no estômago.

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