segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Protesto!

Quando minha irmã era criança ela tinha uma compulsão por mentir, para coisas bestas. E agora, adulta, ela me explicou sua tese, que faz todo sentido do mundo. Por exemplo, alguém via ela na rua e perguntava: "onde vc está indo?". Na verdade ela estava indo na padaria, mas ela dizia: "no açougue". E a pessoa dizia: "ah, entendi. Tchau". Percebem o quanto é lógica essa teoria dela? Para quem realmente importa onde vc está indo, ou porquê está indo? Quantas pessoas não perguntam: "E aí? Tudo bem com vc?", mas vão dizer que estão ocupadas demais para te ouvir, se vc resolver que não está tudo bem e quiser desabafar? As pessoas sempre fazem as mesmas perguntas óbvias: "Vc faz faculdade? O que vc estuda?". Aí alguém responde: "Ah, estudo Ciências Políticas". E a pessoa não faz a mínima ideia do que é isso, ou para que serve, mas se contenta e ainda por cima solta um: "que legal!". Quantas pessoas não te perguntam como foi seu fim-de-semana, como está seu namoro, se sua família está bem, e por aí vai???Como eu vou saber se a pessoa está perguntando para ser "legal" ou se ela quer mesmo saber? Por via das dúvidas vou sempre inventar uma mentirinha. Se a pessoa estiver mesmo interessada, ela vai perceber, aí desminto e explico a tese da Dani. E também só vou fazer perguntas que eu realmente queira ouvir a resposta. Ta, ta, dizem que tudo isso é educação, formalidade. Então eu venho fazer meu protesto: eu não quero mais que ninguém seja educado comigo. Não assim. Que caia a educação e vigore o interesse!!!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Minha prece...

E eu vi aquela criança, e instantaneamente me apaixonei por ela... porque ela pintava seus carrinhos de branquinho, e tinha branquinho até nos cabelos. E a entrevista foi feita olhando para as artes dela, e aquela cara de pestinha. E de repente vi as fotos do seu irmão, na cama, com apenas vinte e poucos anos, sem poder andar, nem ao menos comer... mas ali, com o coração a todo vapor, ouvindo tudo que dizem, percebendo a vida dele definhar, sem poder fazer nada. Distrofia muscular congênita. E eu já estava sentindo uma dor gigante no peito, ouvindo aquela mãe contar tudo isso. Mas o soco no estômago veio quando, com a voz embargada, ela disse que o pequeno com branquinho no cabelo tem a mesma doença, e que ele vir a desenvolvê-la, é questão de poucos anos. E uma vontade imensa de ir até lá em cima brigar com Deus... "por quê??? Ele gosta tanto de correr, de pular!! Caramba, Deus, ele quer viver!!! Pq os músculos dele irão paralisar, dia a dia, até que ele morra, com vinte anos???"
E isso não vai sair da minha cabeça tão cedo, mas aí vem o domingo, o dia conversando com pessoas que nem ao menos querem ouvir o que você tem a dizer. Afinal, elas são pessoas importantes e sérias. Claro que não importa nada, a não ser a pintura na casa delas, o tempo que elas estão perdendo, a gripe que elas estão, e o quanto elas estão de saco cheio de ouvir sua ladainha...
E agora, pensando nisso tudo, percebo que o menino do cabelo branco, não é injustiçado por Deus... ele tem sorte, porque ele aproveita cada segundo da curta vida que a ele foi destinada. E agora Deus, eu mudo minha pergunta: "por quê??? Porque tantas pessoas que viverão até os 80 anos, tem uma alma que se paralisa a cada dia da vida delas? Se o Senhor não puder dar mais tempo de vida ao menininho e seu irmão, peço humildemente: dê vida para as pobres almas mortas em corpos vivos."

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

27 de outubro 2008

Fuçando meus arquivos antigos, achei um texto que fiz no dia 27 de outubro de 2008. Como não tinha blog, posto agora.

Eu não gosto de acordar cinco horas da manhã para ir pro trampo às cinco e meia...mas agora que é horário de verão eu fico feliz, pq aí seriam 4:30...então eu passo na rua e ouço muitos passarinhos, de espécies diferentes, cantando, acordando. E ver q ainda restam passarinhos por aqui me alegra.

Eu gosto de ir na casa do meu pai de fim-de-semana e brincar de boneca com minha irmã de 1 ano e meio...e gosto de perguntar: "tudo bem, Malú?", só para ouvi-la dizer, com cara de mocinha: "tchudo!"... ou de cantarmos juntas: "o sapo não lava o péé..."

Eu gosto de apagar a luz do quarto, deitar na minha cama e ficar conversando com a vizinha da cama debaixo (minha mana Dani), até altas horas, como sempre foi. Ou de acordar e ter que me espremer no canto, para ela subir e ficarmos ouvindo músicas no Ipod dela. Gosto também de fingir que vou derrubá-la lá de cima e ver ela dar gritinhos de pânico...rindo e falando que sou besta.

Gosto de acordar às três da manhã, com uma mensagem do namorado,só pra saber se já estou sonhando com ele, ou de ligar para ele beeem cedinho, para dizer: "Bom diaaa" e ouvir akela vozinha de sono, contente, dizendo: "Bom dia, morena..."

Gosto de estar me trocando às pressas, para ir pra facu, e ver, em cima da minha cama, que meu pai deixou uma cartinha surpresa para mim, super bonitinha.

Gosto de comer bolo de fubá que minha vó faz especialmente para mim, e saber que nenhum outro bolo no mundo é tão gostoso.

Gosto de correr pela casa, atrás do Floquinho, e ver ele fugir, todo feliz, para depois, quando o pego, ficarmos rolando juntos no chão.

Gosto quando meu telefone toca, no meio de uma tarde de tédio, e é um amigo/amiga, que só ligou para saber se estou bem.

Gosto de ficar acompanhando o café-da-manhã, no meu trampo, só para ficar ouvindo o sotaque da maioria dos motoristas da Catarinense. Aquele sotaque gostoso, do Sul... que me lembra as minhas viagens para Floripa, e toda a magia daquela ilha.

Gosto de subir em pedras, na praia, para ficar vendo as ondas bater...o vento soprar... tudo bem forte... até me sentir bem pequena, quase nada, nessa força que a natureza possui.

Gosto de jogar video-game (atualmente) com minha amiga de infância, como fazíamos com 12 anos.

Enfim, adoro saber que o essencial é invisível aos olhos, que só vemos bem com o coração... e viver assim: fazendo de pequenos detalhes, minha maior alegria!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Casulos


A noite foi um tormentinho,com toda a tristeza acumulada se mostrando em dores absurdas de estômago, uma grande vontade de vomitar e uma sensação de que tinham bichos dentro do meu estômago, fazendo um grande nó dolorido. E o café da manhã foi um remédio para gastrite. Ta, a vida segue...e vamos nós para os compromissos. E o dia foi melhorando pouco a pouco, desde a hora que vi todas aquelas pessoas reunidas no metrô, todas pela mesma causa, em pleno domingo de calor. E então o dia seguiu com caronas papeando, ser recebida por uma "desconhecida" com muito carinho, ouvir o que ela tem para dizer sobre sua família, as mudanças ocorridas... ver a casa dela praticamente ilhada e ela ali, dizendo que tudo estava bem agora. E continua, com parada para almoço no Habib`s... e mais família. Família nova, braços abertos para nos receber, um sorriso de esperança no rosto... e a alegria vai me dominando, enquanto vou ganhando gelinho, vendo a preocupação com o que comeremos no fim-de-semana que vem. E vendo tudo isso, meus problemas que pareciam tão grandes, vão diminuindo pouco a pouco, junto com trenas, medidas de pilotis, suor escorrendo sem parar, conversas sobre portas, janelas e expectativas. E a paz vai reinando, junto com garrafas de água sendo divididas, crianças pestinhas, risadas, abraços de pessoas queridas, poeira, parcerias e planos. E vai terminando, com mais caronas papeando... e aí de repente somos eu, ela, e sua calça rosa, andando pela marginal, vestindo a mesma camiseta suja de terra, exibindo o mesmo rosto suado, o mesmo cabelo bagunçado, o mesmo sorriso e conversando sobre a vida. Casa, ventilador ligado, se esparramar na cama, com a menina da calça rosa deitada ao meu lado... dois corpos cansados e dois corações leves. Aí paro para pensar, e ainda tem alguma coisa estranha no meu estômago, mas algo mudou. Percebo que eu tinha pequenas lagartas ali, de manhã... e que ao longo do dia eu criei casulos para elas, feitos com todo o suor, amizade e alegria do dia. E então me dou conta que estou feliz, completa, com aquela deliciosa sensação de borboletas no estômago.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma Questão de Escolha


Acho que não conheço uma pessoa que não goste de ver estrelas, mas aquelas que surgem à noite, que brilham, mas tem um brilho pequeno e distante quando comparadas com a estrela maior: o Sol.
E todo mundo gosta de ver o Sol chegando, ou saindo, porque é difícil olhar para ele ao meio dia, porque arde os olhos, porque esquenta e queima. Enfim, papo astronômico à parte, eu associo muito isso à vida. É mais fácil olhar as pessoas quando elas estão chegando, saindo, mas é muito mais difícil olhá-las nos olhos, ao responder uma pergunta embaraçosa. É muito mais fácil viver de emoções pequenas, que não sentimos com força, do que encararmos as fortes emoções, as intensas, as que iluminam, mas também dão medo e podem até queimar.
Temos a escolha: podemos encarar o dia, a vida, o Sol do meio dia e nos permitirmos sentir tudo que podemos, ou... podemos virar de costas, para que o Sol não pegue diretamente nos olhos!

10/12/09...o dia mais estranho!

Seja você mesmo, mesmo que isso seja estranho.
Sempre gostei dessa frase, mas ela nunca fez tanto sentido para mim quanto hoje, em que o simples fato de ser um dia de Sol me fez ter vontade de casa às 08:00h. Esse mesmo Sol que me fez não querer dormir no ônibus, como sempre faço, só para olhar como as árvores ficam com um verde bonito nesses dias (isso sempre me encantou). Hoje, também, o simples fato de almoçar um lanche com um amigo, falando sobre a vida, me deixou mais leve. Mas o mais estranho foi a alegria que eu senti ao passar o dia todo lendo projetos, mudando palavras e pesquisando artigos. Bizarra a satisfação que me deu passar duas horas pesquisando referências para colocar em uma linha do meu proejto de pesquisa, só para eu sorrir, sozinha, quando finalmente consegui. O mesmo sorriso que eu dei quando consegui contar 200 células no microscópio, sem errar.
E hoje, depois de duas semanas tão tensas, foi estranho perceber que o que mais atormentou meus pensamentos foi querer saber como estará o cão bebezão que eu e meus amigos vimos ontem na facu, perdido. Será que estará bem? Estará com fome?
E hoje, com tudo isso, eu me senti tão esquisita e... tão...EU!
Ah, e eu odeio dormir com barulho de chuva!